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Os aminoácidos essenciais do pólen influenciam a parceria entre morcegos e flores

  • Foto do escritor: cbioclimamidia
    cbioclimamidia
  • 17 de out.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de out.

Fernando Golçalves

Um estudo recente, conduzido por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com a participação dos pesquisadores associados ao CBioClima, Dr. Fernando Gonçalves (Universidade de Zurique) e a Dra. Carine Emer (UNESP Rio Claro). publicado na Functional Ecology, investigou ao longo de seis anos, as interações entre morcegos e flores no Pantanal, a maior planície alagável e uma das mais biodiversas do mundo.

 

Os morcegos são polinizadores fundamentais em muitos ecossistemas, mas a maior parte das pesquisas costuma focar no néctar como sua principal recompensa, deixando de lado outra fonte de alimento igualmente importante: o pólen. Muitas plantas polinizadas por morcegos produzem grandes quantidades de pólen, e sabe-se que esses animais o consomem, mas o que o torna tão atraente? Nosso estudo buscou responder a essa pergunta investigando o papel do valor nutricional do pólen, especialmente seu conteúdo de aminoácidos essenciais (AAEs), na forma como morcegos e flores interagem.

 

Logo no início dos trabalhos de campo, percebemos algo curioso: morcegos que normalmente não visitam flores carregavam pólen em seus pelos. Além disso, registramos algumas dessas espécies próximas a árvores floridas. Esses achados chamaram nossa atenção e nos motivaram a investigar o fenômeno de forma mais detalhada. Percebemos que os morcegos preferem flores cujo pólen é rico em aminoácidos essenciais, nutrientes que nem eles nem nós conseguimos produzir por conta própria, precisando obtê-los diretamente da alimentação. Todos as espécies de morcegos capturadas visitaram com mais frequência essas flores ricas em AAEs. Surpreendentemente, os morcegos que normalmente se alimentam de insetos e pequenos animais, como sapos, ratos e marsupiais, dependem ainda mais dessas flores durante a estação seca, Isso provavelmente ajuda a suprir suas necessidades de proteína, especialmente quando suas presas habituais ficam mais difíceis de encontrar.

 

Nossos resultados sugerem que o pólen, e não apenas o néctar, desempenha um papel central na atração dos morcegos e na formação das redes de interações entre flores e polinizadores. Essa é uma nova perspectiva sobre a polinização por morcegos, mostrando que a qualidade nutricional do pólen pode influenciar quais espécies de morcegos visitam quais plantas.

 

Curiosamente, o pólen não é importante apenas para os morcegos, e também tem conquistado cada vez mais espaço na nossa alimentação. O pólen de algumas flores é considerado um ‘superalimento’ por seu alto teor de proteínas, aminoácidos e antioxidantes. Assim como os humanos estão descobrindo os benefícios do pólen, os morcegos talvez já explorem seu valor nutricional há muito tempo, um paralelo interessante entre as nossas dietas e as deles. Em resumo, o que é bom para os morcegos pode ser bom para nós também.


Este é o primeiro estudo a mostrar que a qualidade nutricional do pólen, especialmente seu teor de aminoácidos essenciais, pode influenciar os padrões de polinização. Nossas descobertas oferecem novas pistas sobre como funcionam as interações entre polinizadores e plantas, e como elas podem reagir às mudanças ambientais. Em um mundo onde os ecossistemas enfrentam pressões crescentes, entender o que os polinizadores, como os morcegos, precisam para prosperar pode ajudar a proteger tanto as plantas quanto os serviços ecológicos essenciais que elas prestam.


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(Foto: Paulo Robson de Souza - Glossophaga soricina visitando flor de Psittacanthus acinarius)

 Referência


Gonçalves, F. et al. (2025). Pollen essential amino acids shape bat–flower interaction networks. Functional Ecology. DOI: 10.1111/1365-2435.70161

 
 
 

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