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Uma visão realista da época em que as atividades humanas passaram a ter um impacto significativo e duradouro sobre o planeta

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    cbioclimamidia
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

No 'Encontro com os Escritores', cientista Mauro Galetti faz um chamado à responsabilidade e às evidências científicas do Antropoceno, e rebate o comodismo de olhares mais apocalípticos.


Por Fabio Mazzitelli/ ACI Unesp


No encontro, mediado por Manuel da Costa Pinto, Mauro Galetti contou detalhes de sua trajetória acadêmica, desde o início da graduação na Unicamp até os trabalhos sobre defaunação desenvolvidos a partir do contato com Rodolfo Dirzo em Stanford, nos EUA. Crédito: Fabio Mazzitelli / ACI Unesp.
No encontro, mediado por Manuel da Costa Pinto, Mauro Galetti contou detalhes de sua trajetória acadêmica, desde o início da graduação na Unicamp até os trabalhos sobre defaunação desenvolvidos a partir do contato com Rodolfo Dirzo em Stanford, nos EUA. Crédito: Fabio Mazzitelli / ACI Unesp.

Quando Paul Crutzen, ganhador do Prêmio Nobel de Química em 1995, reconheceu a magnitude da influência humana no sistema terrestre e impulsionou a propagação do termo “Antropoceno”, em 2000, o buraco na camada de ozônio, uma faixa de gás na estratosfera que nos protege dos raios ultravioleta (UV) e que se tornou assunto candente nos anos 1990, era um debate mais popular do que as discussões sobre aquecimento global ou mudanças climáticas, que encorparam em seguida, neste século, justamente com a popularização do entendimento de que vivemos em uma época em que as atividades humanas passaram a ter um impacto significativo e duradouro sobre o planeta. 


Embora ainda não tenha sido formalmente reconhecido, o conceito de Antropoceno, já amplamente difundido, vem cumprindo um papel fundamental de formar consensos, a partir da comunidade científica, em torno da necessidade de caminharmos para uma visão mais conservacionista do mundo, definindo agendas, objetivos e metas. É neste contexto que o biólogo Mauro Galetti, professor do Instituto de Biociências do câmpus de Rio Claro da Unesp e um dos cientistas mais respeitados em sua área, adiciona a esta história um olhar mais otimista do que apocalíptico sobre o futuro. E é nesse ponto que o exemplo do buraco na camada de ozônio, problema que pode ser superado na próxima década segundo as últimas projeções dos cientistas, liga-se aos debates sobre o Antropoceno.


"É muito mais fácil vender o apocalipse, que o mundo vai acabar e, então, vamos esperar", disse Mauro Galetti na última edição do Encontro com os Escritores, realizada no último dia 26 na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, na capital paulista. "Vamos sair disso e o buraco na camada de ozônio é um exemplo: conseguimos reverter o quadro."


A visão otimista de Galetti conduz a narrativa de seu primeiro livro, lançado em 2023 pela Editora Unesp e premiado com o Jabuti Acadêmico no ano passado. A obra "Um naturalista no Antropoceno: um biólogo em busca do selvagem" se baseia em sua trajetória como cientista para fazer reflexões sobre o futuro da vida no que seria a época geológica dos humanos. E o que ele próprio chama de otimismo vem aliado a um chamado à responsabilidade e às evidências científicas. 


"Como nós aqui podemos reduzir um pouquinho nosso impacto no meio ambiente? Eu falo no livro que o mais rápido é mudar a sua dieta... Não vou virar vegano, vegetariano, vou reduzir (o consumo de carne). Em vez de comer bife cinco dias por semana, vou comer uma. Isso já é um impacto gigantesco", afirmou o docente. "Acho mesmo que é um trabalho de formiguinha. Por isso sou bastante otimista no livro."


No encontro, mediado pelo jornalista e crítico literário Manuel da Costa Pinto, Mauro Galetti contou detalhes de sua trajetória acadêmica, desde o início da graduação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) até os trabalhos sobre defaunação desenvolvidos a partir do contato com o professor Rodolfo Dirzo em Stanford, nos Estados Unidos. "A mudança climática é um desafio um pouco mais complexo, mas é possível (superá-lo) porque existe ciência por trás e existem atores que podem mudar isso", afirmou, fazendo uma ressalva. "Só não vejo um grande líder climático (na política). Ainda estamos buscando." 


Em sua fala introdutória, o cientista fez referência aos naturalistas Charles Darwin, Alfred Russel Wallace e Alexander von Humboldt e defendeu o conceito de Antropoceno que dá título ao seu livro, que já está na segunda edição. Galetti diz que a obra faz parte de um movimento mais abrangente da comunicação em ciência, no sentido de ampliar o diálogo com a sociedade. "Senti a necessidade de escrever para mais leitores e ampliar (o público). Vejo isso entre os meus colegas e cada vez mais os órgãos de fomento estão cobrando este diálogo com a sociedade, a democratização da ciência. Se ficarmos só no meio acadêmico, não conseguimos mudar o comportamento das pessoas e mudar políticas públicas."


A série "Encontro com os Escritores" é promovida pela Fundação Editora da Unesp (FEU) e pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI) da Universidade em parceria com a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em São Paulo. A íntegra do evento com Mauro Galetti vai ficar disponível no canal Unesp Oficial do YouTube.

 
 
 

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