CBioClima debate soluções sustentáveis e desafios ambientais no primeiro dia do workshop sobre microbiomas e mudanças climáticas
- cbioclimamidia
- 25 de set.
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Atualizado: 27 de set.
Carolina Medeiros
O 2° Workshop CBioClima - Microbioma para Soluções Sustentáveis, organizado pela Profa. Dra. Milene Ferro, teve início com a fala da professora Dra. Patrícia Morellato, Diretora do CBioClima e docente do Departamento de Biodiversidade do IB/Rio Claro. Em sua apresentação, a professora Patrícia compartilhou uma visão abrangente sobre o Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid), destacando o perfil multidisciplinar dos pesquisadores associados, os principais eixos de pesquisa, além de números relevantes de publicações científicas produzidas pelo grupo.
Logo após, o professor Dr. Lucas Ferrante, pesquisador colaborador junto ao Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), do Ministério da Defesa, trouxe uma análise preocupante sobre a situação atual da Amazônia Central. De acordo com os dados apresentados, a região enfrenta uma crescente sobreposição de pressões — da desregulamentação ambiental à mineração, passando pela exploração de petróleo e pela expansão de infraestrutura, como a rodovia BR-319. Segundo Ferrante, essas ameaças podem transformar a Amazônia em um novo epicentro de risco sanitário global.
A importância dos microbiomas de insetos e solos foi abordada pelo professor Dr. Mauricio Bacci, vice-diretor do CBioClima. Em sua fala, Bacci destacou como as comunidades microbianas que habitam tanto organismos quanto o solo são fundamentais para processos ecológicos como decomposição da matéria orgânica, fertilidade do solo e desenvolvimento de insetos. Ele ressaltou ainda o potencial dessas pesquisas para aplicações em agricultura sustentável e controle biológico de pragas, apontando a complexidade das relações entre microbiomas e seus hospedeiros.
Na sequência Dr. Geovanny Barroso abordou os impactos da disbiose antrópica em abelhas, mostrando como os agrotóxicos podem alterar a microbiota intestinal e comprometer a saúde das colônias. Já o Dr. Alan Emanuel Silva Cerqueira discutiu as simbioses microbianas em diferentes hospedeiros e ambientes, apresentando pesquisas sobre abelhas sem ferrão, formigas cortadeiras e solos, e destacando como esses sistemas ajudam a prever riscos ambientais.
A pós-doutoranda Drª Ananda Brito, também do CBioClima, apresentou estudos sobre a interação entre microbiota e hospedeiros silvestres, evidenciando como essa relação pode ser afetada por alterações ambientais. Dados preliminares indicam que o desmatamento reduz significativamente a diversidade microbiana em solos e corpos d’água, o que compromete a resistência natural dos animais a patógenos. Ananda destacou o monitoramento do microbioma como uma ferramenta estratégica para a conservação da biodiversidade.
Na sequência, a pesquisadora do CBioClima, professora Drª Clarisse Palma, trouxe à tona o uso de abordagens multi-ômicas - como genômica, transcriptômica e metabolômica - para investigar como diferentes espécies estão respondendo às mudanças climáticas. Segundo ela, essa integração de dados permite compreender melhor os mecanismos biológicos de adaptação e resiliência, e fornece subsídios fundamentais para prever impactos ecológicos e orientar estratégias de conservação mais eficazes.
A apresentação serviu de introdução para a fala de dois dos doutorandos do CBioClima, Dr. Lucas Alexandre de Souza Costa e Drª Drielli Canal. Lucas apresentou um estudo sobre o impacto dos elementos transponíveis na adaptação ao alagamento em Ischnosiphon puberulus, uma erva rasteira da Amazônia, revelando o papel adaptativo desses elementos na evolução gênica. Já a Dra. Drielli Canal abordou a regulação genética e epigenética de bromélias neotropicais durante a especiação e radiação adaptativa.
Entre os destaques do evento, o professor Dr. Vitor Fernandes Oliveira de Miranda, coordenador de Internacionalização do CBioClima, apresentou as plantas carnívoras da família Lentibulariaceae como modelo único para estudar a interação entre evolução, genômica e microbioma. Os estudos genômicos revelam genomas compactos, perda de sequências repetitivas e a expansão de genes relacionados à carnivoria e estresse ambiental, refletindo adaptações a ambientes extremos e oligotróficos. As interações com microrganismos presentes nas armadilhas dessas plantas também foram destacadas como cruciais para a digestão e absorção de nutrientes.
Encerrando o primeiro dia de atividades, a pós-doutoranda Saura Rodrigues da Silva apresentou uma palestra sobre genomas circulares, com foco em resultados obtidos por meio do sequenciamento por longas leituras com a plataforma Nanopore. A pesquisadora destacou como essa tecnologia tem possibilitado a reconstrução precisa desses genomas, abordando tanto suas potencialidades quanto as limitações, e discutindo suas implicações para a biologia evolutiva.
O evento reforça o compromisso do CBioClima em integrar ciência de ponta com os desafios socioambientais contemporâneos, evidenciando o papel central dos microbiomas e da genômica na construção de soluções sustentáveis.













































































