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Ciência aplicada à preservação das florestas tropicais é tema da segunda palestra do ciclo “Diversidade em Foco” com Simone Vieira

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    cbioclimamidia
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 2 dias

Por: Gabriela Andrietta

A segunda palestra do “Ciclo de Debates – Diversidade em Foco: Saberes e Desafios diante das Mudanças Climáticas”, realizada em 18 de novembro no IB/Unicamp, contou com a presença da Profa. Dra. Simone Vieira. Ela apresentou o tema “Raízes e Rotas: trajetórias femininas na ecologia das florestas tropicais e das mudanças climáticas”, entrelaçando a sua história pessoal, a sua formação científica e as descobertas que marcaram a sua carreira.

Simone Vieira é engenheira agrônoma pela USP, com mestrado em Ciências Florestais e doutorado em Ciências (Energia Nuclear na Agricultura), ambos pela USP. Pesquisadora do NEPAM/Unicamp, coordena o Programa de Pós Graduação em Ecologia do Instituto de Biologia e integrou a coordenação do Programa Biota/FAPESP (2019–2025). Atua em Ecologia de Ecossistemas, especialmente no funcionamento das florestas tropicais.

Da infância em Piracicaba à referência internacional em ecologia

Simone iniciou a sua fala resgatando as suas raízes em Piracicaba. Estudou em escolas públicas e teve professores que eram alunos da ESALQ/USP, experiência que a aproximou da universidade pública. Ingressou em Agronomia, motivada pelo interesse por animais, mas foi durante a formação acadêmica que encontrou o seu caminho na ecologia de florestas tropicais.

Ela relatou um episódio marcante no início da carreira: após a graduação, um grupo de pesquisa hesitou em contratá-la para trabalho de campo por achar que “uma menina talvez não seria respeitada pelos trabalhadores”. O cargo acabou sendo ocupado por um gerente de campo. Esse episódio a aproximou da pesquisa científica e a conduziu à pós-graduação.

Revelando as florestas tropicais: como esses ecossistemas funcionam de maneira muito diferente do que se sabia sobre eles

Ao longo da palestra, a professora apresentou o resultado de décadas de pesquisa na Amazônia e na Mata Atlântica. As suas pesquisas revelaram informações novas sobre as florestas. 

Um dos seus artigos mais citados revela em qual profundidade as árvores buscam  água. Para medir o potencial hídrico das folhas antes do nascer do sol, subia em árvores durante a madrugada. Este artigo alcançou mais de mil citações e mudou um paradigma, demonstrando que há raízes que alcançam até 8m de profundidade, o que permite que as florestas não percam as suas folhas  durante a seca. 

Ela destacou que algumas regiões da Amazônia enfrentam até seis meses de seca, com apenas 100 mm de chuva, e mesmo assim mantêm-se verdes graças às raízes profundas. Outro estudo analisou o crescimento lento das árvores. Muitas árvores crescem menos de 2 mm por ano, e apenas algumas chegam a um cm anual. Isso significa que o acúmulo de biomassa e carbono é extremamente lento, o que torna a perda de indivíduos muito problemática. 

Outro estudo apresentado revelou que áreas montanhosas da Mata Atlântica armazenam mais carbono no solo do que se imaginava. 

Simone também mencionou desafios pessoais, pois conduziu essas pesquisas enquanto cuidava dos seus filhos, conciliando a vida familiar e a acadêmica.


Animais e plantas

Simone resgatou como conciliou o interesse inicial por animais com a pesquisa em ecologia vegetal, pois os elefantes atuam também como jardineiros das florestas por dispersarem sementes. Florestas com cerca de cinco elefantes por quilômetro quadrado apresentam maior estoque de carbono. Ao se coçarem em árvores de baixa densidade, acabam danificando esses indivíduos e favorecendo espécies de alta densidade, que armazenam mais carbono. 

Limites térmicos das florestas e risco de colapso

A professora  comentou também as evidências apresentadas por Luciana Gatti, que mostram que quando a temperatura máxima média ultrapassa 42°C, a floresta passa a perder carbono. Segundo ela, embora as mudanças ocorram de forma lenta, sinais importantes preocupam. Ela observou que algumas áreas já emitem mais carbono do que absorvem; que poucas espécies concentram grande parte do carbono — fenômeno que também ocorre em florestas subtropicais e que as taxas de mortalidade estão crescendo, variando muito entre regiões da Amazônia.

Redes de colaboração

A pesquisadora destacou ainda duas iniciativas estratégicas: a Rede DAMA, composta exclusivamente por pesquisadores brasileiros e liderada por mulheres, dedicada a estudar a dinâmica da Mata Atlântica; e o AmazonFACE, que instalou anéis de CO₂ na Amazônia para simular condições futuras de alta concentração atmosférica, uma parceria entre pesquisadores da Unicamp com a USP.

Mulheres na ciência

No encerramento, Simone refletiu sobre a presença feminina na ciência: “Mulheres não precisam reproduzir comportamentos masculinos para serem reconhecidas.” Ela enfatizou a importância da empatia, das redes de apoio e de iniciativas lideradas por mulheres, além da necessidade de estarmos atentas à sobrecarga direcionada às mulheres, pois somos educadas para não colocarmos limites e não nos colocamos com a mesma segurança que a dos homens.

Confira a palestra na íntegra:



 
 
 

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