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Pesquisadores avaliam mudanças fenológicas em ecossistemas tropicais secos do Brasil e da África

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    cbioclimamidia
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

Por: Gabriela Andrietta


O projeto PhenoChange, uma iniciativa internacional que estuda as mudanças fenológicas em ecossistemas tropicais secos, teve resultados apresentados em um Workshop realizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçú, em Minas Gerais, em dezembro de 2024. O encontro reuniu pesquisadores do Brasil e do Reino Unido para discutir os avanços obtidos em nove sítios de estudo – cinco no Brasil e quatro na África – e planejar ações futuras que contribuirão para a compreensão dos impactos das mudanças climáticas na vegetação. Este foi o terceiro workshop do grupo. O primeiro foi no Brasil em 2022 e o segundo na Namíbia em 2023, apoiados pelo projeto FAPESP/UKRI-NERC descrito abaixo.

Workshop realizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçú, em Minas Gerais, em dezembro de 2024.

A ideia do acompanhamento fenológico, que começou em 2020 como parte do projeto SECO (https://blogs.ed.ac.uk/seco-project/), em continuidade ao projeto FAPESP Nordeste e apoiado pela rede brasileira e-phenology, foi concretizada na proposta PhenoChange: Towards a Dry Tropics Global Phenological Monitoring Network (FAPESP 2022/02323-0) submetida e aprovada dentro da chamada Acordos de Cooperação FAPESP - UKRI (UK Research and Innovation)/NERC (Natural Environment Research Council). 

A proposta de pesquisa PhenoChange, que tem como pesquisadores responsáveis a Dra. Patrícia Morellato (Brasil) e o Dr. Kyle Dexter (Reino Unido) e a coordenação da Dra. Desiree Ramos, utiliza uma rede de 80 fenocâmeras para monitorar savanas e matas secas em ambos os continentes. 


Esquema de desenho experimental feito por Mateus Silva
Esquema de desenho experimental feito por Mateus Silva

No Brasil, a maioria das câmeras estão no Cerrado, um importante ecossistema tropical sazonalmente seco, reconhecido como a savana mais rica do mundo. As câmeras, instaladas em pontos estratégicos, capturam imagens da vegetação a cada hora, permitindo aos pesquisadores analisar as variações sazonais na produção e queda de folhas das plantas. O monitoramento é realizado ao longo de um gradiente de precipitação nos dois continentes, com foco simultâneo nos estratos arbóreo e herbáceo, tornando o PhenoChange um projeto abrangente nos trópicos secos.

Caatinga


Resultados preliminares indicam que a vegetação tende a se comportar de forma mais semelhante dentro de um mesmo continente do que entre continentes distintos.


Os resultados preliminares apresentados no Workshop revelaram que os padrões de produção foliar das árvores ao longo do gradiente de precipitação diferem entre os continentes, enquanto, para as herbáceas, essa diferença não foi observada. Por outro lado, as respostas das plantas herbáceas apresentam grande variação local, possivelmente associada à composição florística. Isso sugere que a história evolutiva e a composição florística de cada região têm um papel tão importante quanto o clima na determinação do comportamento das plantas.

 Savana árida em Ongava Research Centre, Namíbia.


"A diversidade florística, principalmente do estrato herbáceo, é crucial para entender as respostas locais", explicou a pesquisadora Dra. Desirée Ramos, Co-fundadora da rede PhenoChange, e que apresentou resultados dos dados coletados pelos projetos. Outro  foco do projeto é entender como os ciclos de produção de folhas influenciam o armazenamento de carbono nesses ecossistemas. "O período em que as plantas estão com folhas é fundamental para determinar se elas estão capturando e estocando carbono", destacou Desirée Ramos. 


Desafios Enfrentados

Os desafios enfrentados pela equipe são tão diversos quanto os ecossistemas estudados. Por exemplo, na África, queimadas e elefantes frequentemente danificam as câmeras, exigindo que os pesquisadores trabalhem com guias armados. No Brasil, o principal obstáculo tem sido o risco de danificarem ou o roubo de equipamentos.


Desafios no uso de fenocâmeras no Parque Nacional do Bicuar, Angola. À esquerda, a imagem mostra uma queimada momentos antes de atingir e destruir o equipamento. À direita, um elefante é flagrado pouco antes de danificar a câmera. As imagens em detalhe no topo revelam os impactos causados aos equipamentos.

Impacto Científico e Climático

O PhenoChange representa um dos maiores esforços já realizados para entender como os ecossistemas secos dos trópicos respondem às mudanças climáticas. Essas áreas, que cobrem mais de 50% dos trópicos, têm um papel crucial na variabilidade dos fluxos de carbono globais, influenciando diretamente o clima do planeta. Compreender seu comportamento é essencial para prever cenários futuros e desenvolver estratégias de conservação da biodiversidade.


 Parque Nacional do Bicuar, Angola.


Conclusão e Próximos Passos

O projeto FAPES - UKRI PhenoChange foi concluído no ano passado, mas a pesquisa da rede PhenoChange segue em andamento com apoio do CBioClima (FAPESP 2021/10639-5) e em busca de novos financiamentos.  A expectativa é que suas descobertas contribuam não apenas para a ciência, mas também para a formulação de políticas públicas voltadas à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. A continuidade da coleta de dados e o desenvolvimento de novas pesquisas garantirão avanços significativos na compreensão desses ecossistemas e sua relação com o clima global.

Tamanduá bandeira com seu filhote nas costas na Fazenda Água Limpa, UnB.



 
 
 

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